Coleta de material reciclável torna Aracaju cidade referência em sustentabilidade

Coleta de material reciclável torna Aracaju cidade referência em sustentabilidade

A capital sergipana tem se destacado por suas iniciativas de gestão de resíduos sólidos e reciclagem, promovidas pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) e em parceria com cooperativas de catadores. O objetivo é transformar a cidade em um exemplo de sustentabilidade, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia local.

A coleta seletiva de recicláveis é realizada em 19 bairros de Aracaju, um número que pode aumentar com a recente assinatura de um contrato de R$ 1,3 milhão entre a Prefeitura e três cooperativas de reciclagem: Care, Coores e União. Estima-se que 400 toneladas de resíduos recicláveis são recolhidos mensalmente, a um custo de R$ 250,49 por tonelada.

Válido até janeiro de 2025, o contrato visa a execução do serviço de coleta, transporte e triagem de resíduos recicláveis, beneficiando os cooperados e catadores com uma renda justa, fortalecendo a política ambiental, fomentando a economia através da reciclagem e promovendo a consciência ambiental.

O gerente de Limpeza da Diretoria de Operações da Emsurb, Lauro Maia, explica que a gestão municipal, por meio de diferentes programas e pontos de coleta, desempenha um papel fundamental nesse processo de coleta dos resíduos recicláveis, a exemplo do programa Cata-Treco, que visa recolher materiais que não têm mais serventia, como móveis ou podas de árvores, e que muitas vezes são descartados irregularmente nas ruas, avenidas e terrenos baldios da cidade. Para que a comunidade acione esse serviço, basta ligar para o telefone (79) 3021-9914.

A capital sergipana, conforme Lauro Maia, conta também com os Ecopontos, estações instaladas nos bairros Industrial, Coroa do Meio, Santos Dumont, 17 de Março, Inácio Barbosa e Ponto Novo, os quais recebem vidro, papelão, ferro e resíduos de construção civil. Em 2023, recolheram 4.378,12 toneladas de resíduos, e nos primeiros quatro meses de 2024, mais de 1.360,92 toneladas.

Lauro Maia frisou ainda que outra ação estratégica fortalece a participação da população na destinação adequada de resíduos recicláveis: os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) em diversos bairros da capital sergipana. Os PEVs são caixas coletoras estrategicamente distribuídas pela cidade, atualmente totalizando 57 em toda a cidade, facilitando o descarte consciente por parte dos moradores, reforçando o compromisso da gestão municipal com a sustentabilidade.

“A coleta de resíduos recicláveis em Aracaju é um processo bem estruturado. Além do auxílio das três cooperativas, disponibilizamos 57 PEVs distribuídos pela cidade, além dos Ecopontos e do Cata-Treco, esse último as pessoas podem ligar e solicitar a retirada de móveis e eletrodomésticos. Também passamos com carro de som pelos bairros anunciando o serviço, o que tem aumentado a utilização do Cata-Treco. Esse esforço conjunto fortalece a responsabilidade ambiental e permite até o reaproveitamento de materiais de construção civil”, afirmou o gerente Lauro Maia.

Balanço
De acordo com o gerente de Engenharia da Emsurb, Carlisson Ferreira, em 2020 foram recolhidas 2.970,8 toneladas (t) de resíduos recicláveis de uma maneira geral, sendo 1.656,6 t possíveis de serem recuperadas, resultante dos processos de triagem, um número que sofreu uma queda significativa em 2021, com 1.032,0 toneladas (perfazendo 706 toneladas recuperadas), possivelmente devido aos impactos da pandemia de covid-19.

Em 2022, os números voltaram a crescer, alcançando 2.785,3 t (totalizando 1.949,7 t recuperadas), evidenciando um compromisso renovado com a sustentabilidade e a gestão eficiente dos resíduos sólidos.

“Nem tudo que coletamos é recuperado, mas é importante frisar que, ao final da pandemia, muitos locais que já faziam a coleta regular deixaram de separar, assim como locais que não eram contemplados com a coleta entraram para os roteiros, e esses números conseguimos equilibrar há cerca de um ano. Agora, com a assinatura do contrato, o serviço está mais vertical, estamos focados em divulgar e mostrar para a população que Aracaju tem coleta seletiva porta a porta, é só ligar e se cadastrar no mesmo número do Cata-Treco, e verificar se seu endereço está nos setores contemplados com a coleta seletiva”, colocou o engenheiro.

Parcerias
As cooperativas Care, Coores e União, que fazem parte da Central Recicle, são essenciais para o sucesso da coleta seletiva em Aracaju. Carlisson Ferreira destacou a importância da parceria. “Antes, a Prefeitura fornecia motoristas, equipamentos e suporte técnico. Com o novo contrato, as cooperativas utilizam seus próprios caminhões, mas ainda recebem suporte técnico e operacional pontuais, inclusive com o fornecimento de um caminhão nesse início de contrato. Isso garante uma coleta eficiente e um processamento adequado dos resíduos”, observou.

O presidente da Care e da Central Recicle, Dárcio Ferreira dos Santos, explicou a logística de toda a coleta, classificando-a como “ferramenta de transformação social na vida dos catadores”.

“A coleta é dividida em áreas específicas e ocorre semanalmente. O material recolhido é levado para a cooperativa, onde é separado por tipo e enviado para a indústria para ser transformado em novos produtos. É um trabalho muito importante, porque quando falamos em sustentabilidade nos dias de hoje, o catador está no início de tudo, é ele quem faz a diferença lá na ponta, ele é o ponto de partida. Este trabalho beneficia tanto o meio ambiente quanto o social, pois muitas famílias dependem dessa renda, proporcionando uma vida digna aos ex-catadores do antigo lixão do bairro Santa Maria”, contextualizou.

Ainda segundo Dárcio Ferreira, eventos festivos, como o Forró Caju, contam com a presença das cooperativas, que realizam a coleta de materiais recicláveis, a exemplo de latinhas e, principalmente plásticos, promovendo a sustentabilidade durante o período de entretenimento musical na cidade.

Em síntese, a coleta de material reciclável em Aracaju desponta como exemplo de como a união entre poder público, cooperativas e população pode resultar em uma gestão eficiente de resíduos sólidos, projetando um futuro mais sustentável e socialmente justo, beneficiando o meio ambiente e proporcionando melhores condições de vida para os catadores e suas famílias.