Governo finaliza plano de contingência para setores afetados por tarifas dos EUA

Governo finaliza plano de contingência para setores afetados por tarifas dos EUA

O governo federal concluiu o plano de contingência para apoiar setores da economia impactados pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A informação foi confirmada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (23). As medidas devem ser apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana.

O plano foi elaborado pelas equipes técnicas dos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e das Relações Exteriores. Antes de ser levado ao presidente, o documento ainda passará pela avaliação dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Rui Costa (Casa Civil).

Diálogo com os EUA encontra barreiras

Haddad reforçou que a prioridade do governo brasileiro é buscar um entendimento diplomático com os Estados Unidos. No entanto, ele reconheceu que a Casa Branca tem evitado abrir espaço para o diálogo direto.

“Estamos falando com a equipe técnica do Tesouro dos EUA, mas não com o secretário Scott Bessent. O Brasil tem razão em querer sentar à mesa, mas o tema está concentrado na assessoria da Casa Branca, o que dificulta os avanços”, explicou o ministro.

Apesar dos impasses, o governo brasileiro continua buscando negociações, com base em acordos recentes fechados com países como Vietnã, Japão, Indonésia e Filipinas. Haddad também citou avanços entre EUA e União Europeia como possíveis sinalizações positivas.

“Podemos chegar à data de 1º de agosto com algum aceno ou possibilidade de acordo. Mas é preciso disposição de ambas as partes para isso. O Brasil continua aberto ao diálogo”, disse.

Iniciativas estaduais têm alcance limitado

Haddad elogiou a mobilização de governadores que anunciaram medidas para apoiar empresas afetadas pelas tarifas. No entanto, destacou que ações isoladas não têm escala suficiente para compensar as perdas nas exportações, que ultrapassam US$ 40 bilhões.

“Uma linha de crédito de R$ 200 milhões, por exemplo, representa cerca de US$ 40 milhões — muito pouco diante do impacto real. Toda ajuda é bem-vinda, mas o alcance ainda é limitado”, afirmou o ministro, em referência à medida anunciada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Por fim, Haddad reconheceu que há uma mudança de postura entre lideranças estaduais. “É positivo ver os governadores reconhecendo que se trata de um problema de interesse nacional e deixando de apoiar, mesmo que indiretamente, uma medida que prejudica o Brasil”, concluiu.